quinta-feira, 7 de julho de 2016

Há falta de médicos em Portugal? Só no Serviço Nacional de Saúde...

Numa reacção, absolutamente justificada, do Bastonário da Ordem dos Médicos, Dr. José Manuel Silva, a um artigo publicado na revista "Visão" de 26 de Maio último, pelo médico e político Dr. João Semedo, dirigente do "Bloco de Esquerda", pode ler-se, a páginas 7 da "Revista da Ordem dos Médicos" n.º 169, do mesmo mês de Maio, o seguinte:

 .../... «Porque há, então, esta percepção de que não há médicos suficientes em Portugal?

Muito simples. Porque esta percepção se deve ao facto dessa realidade existir, na verdade, no Serviço Nacional de Saúde (SNS), em algumas especialidades e em alguns locais. Frequentemente  lemos ou ouvimos queixas de que em determinada unidade de saúde do SNS não há médico, que houve cirurgias adiadas porque não havia anestesista disponível ou que determinado hospital tem uma lista de espera de vários meses ou anos para determinado tipo de cirurgias ou consultas, muitas vezes ultrapassando o Tempo Máximo de Resposta Garantido. Contudo, essa ausência real e todos os dias sentida não se deve ao facto de não existirem profissionais disponíveis no país, mas sim à falta de atractividade das condições de trabalho no SNS, criadas com o intuito de emagrecer o SNS. Haverá falta de médicos no sector privado? Há listas de espera de meses para cirurgia nos hospitais privados? É difícil conseguir uma consulta de uma qualquer especialidade num médico que trabalhe no sector privado? Creio que todas estas questões têm uma mesma resposta: não!

O que houve, nos últimos governos, de diferentes composições partidárias, foi uma tendência para o deliberado "emagrecimento" do SNS, que começou com a concentração de serviços, por via do encerramento de unidades de saúde, com afastamento dos cuidados de saúde dos cidadãos que deles necessitavam, criando constrangimentos de acesso, e se continuou por uma política de subfinanciamento crónico da saúde, o qual foi deliberadamente exagerado,muito para lá do que nos foi imposto pelos nossos credores, representados pela "Troika".»


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